PALAVRA POR PALAVRA
Ari Monteiro *
(Graduando em Filosofia, 3.º Periodo - UMESP)
Pensar são palavras? Eis aqui a pergunta que hoje me intriga, ou será que sempre intrigou mas não pensei a respeito? Não vou recorrer a nenhum escrito, teoria ou tratado filosófico, vou discorrer apenas o meu pensar. Eu penso a palavra ou penso a coisa que a palavra representa?
A palavra machuca, onde está a necessária ligação entre o que me dizem e o que sinto quando me dizem? Ao receber a informação meu espírito se manifesta de acordo minhas crenças, dogmas, costumes (moral) e outras tantas coisas mais que nem sei enumerar – será importante colocar todas? – mas a palavra vem pelo ar, sozinha, sem acompanhamentos, e ao me defrontar traduz sentimentos, afeições, que me são impossíveis rejeitar, posso não concordar mas ela adentrou no meu espírito, se fez estragos, benfeitorias ou indiferença pouco importa, mas que “significou” não tenho dúvidas. Quando o pensamento não é exteriorizado, não é transformado em linguagem, como devemos chamá-lo? Só pensamento? Pois ficou prisioneiro e será em breve esquecido, continua ele pensamento ou esvaiu-se para sempre no buraco negro da memória? As paixões ou a razão me obrigam a fazer prisioneiro esse pensamento?
A palavra não mata, mas manda fazê-lo: não são os signos, os símbolos, que praticam a ação, fazem da potência o ato, eles traduzem a ordem. Mas em que ponto esse signo transformou-se em ato? Quando saiu do pensamento e encontrou a palavra ou quando encontrou o espírito para adentrar?
A palavra cria ídolos, deuses, os destroem, institui poderes, dogmas, crenças. Mas onde estão os mecanismos de criação e destruição, nos pensamentos ou nas palavras?
Não procuro respostas! Mas perguntas que me façam pensar com palavras, signos, símbolos, linguagem, gestos, atos ou potências. Apenas perguntas. As respostas sempre serão conectadas à crenças. Não quero ciência, quero o pensar antes dela, quero a pergunta nua e crua, sem lógica, dialética ou qualquer outro método. A pergunta é a palavra?
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