REFLEXÂO - DESAFIOS DA FILOSOFIA

Resumo
           
Esse artigo traz uma reflexão sobre a consciência no pensamento de Nietzsche em breve relato, pois esse problema filosófico é encontrado em várias obras desse autor, trago como suporte as interpretações de Giocóia e Mario Ferreira dos Santos

Palavras Chaves: Consciência, Corpo, Nietzsche.

 Résumé

Cet article présente une réflexion sur la conscience à la pensée de Nietzsche dans le rapport succinct, parce que ce problème se retrouve dans plusieurs œuvres philosophiques de cet auteur, que j'apporte à soutenir les interprétations deGiocoia et Mario Ferreira dos Santos

Mots-clés: Conscience, Corps, Nietzsche.




REFLEXÂO   -  DESAFIOS DA FILOSOFIA

Ari Monteiro[1]


Corpo ( matéria ) e alma (intelecto,razão,consciência, mente) nada mais são que   falácias dos filósofos  dogmáticos


"Dito seriamente, há bons motivos de esperança de que todo dogmatizar em filosofia - não importa os modos de definitiva e derradeira instância que tenha tomado - possa ter sido, no entanto, apenas uma nobre brincadeira e coisa de principiantes, e talvez esteja muito próximo o tempo em que se compreenderá o que propriamente já terá sido suficiente para fornecer a pedra fundamental para tais sublimes e incondicionais construções filosóficas." (NIETZSCHE,2009)



Descartes formula essa filosofia na modernidade, com o a separação do sujeito, a res cogitum (coisa pensante) e res extensa (coisa material), “Eu penso” o COGITO, utiliza a base para a ciência universal ( mathesis universalis), separa assim a Alma e o Corpo, subordinado à lógica e à gramática, a filosofia Cartesiana se revela uma farsa para Nietzsche, e assim deixou o homem sem alma, os lógicos pragmáticos atuais não conseguem( ou não querem) comprovar esse principio,  ele próprio não se sustenta, pois consegue ser no máximo uma probabilidade o que não se justifica na filosofia. O EU se torna Si mesmo o “sábio desconhecido”, na análise nietzscheniana, nele está a complexidade humana, e não na simplicidade do Cogito ergo sum.

O Si mesmo é o corpo, “a grande razão” o espírito, toda multiplicidade em um só. O Corpo faz o Eu, e não a “ilusão subjetiva da consciência” (intelecto, razão e mente), a separação da consciência, do sujeito e objeto, é pura gramática, “a metafísica do povo”.

"No que concerne à superstição dos lógicos, não me canso de sublinhar sempre de novo um pequeno e curto fato, admitido a contra gosto por esses supersticiosos - a saber: que um pensamento chega quando 'ele' quer, e não quando 'eu' quero; que é uma falsificação dos fatos dizer: o sujeito 'eu' é a condição do predicado 'penso'. Isso pensa: porém que este 'isso' seja justamente aquele célebre 'eu', é, dito brandamente, apenas uma hipótese, uma afirmação, sobretudo nenhuma 'certeza imediata'. Por fim, com aquele 'isso pensa' já se faz demais: já o 'isso' contém uma interpretação do processo e não pertence ao próprio processo. Infere-se aqui segundo o hábito gramatical: 'pensar é uma atividade, a toda atividade pertence alguém que atua, consequentemente (GIACÓIA,2002)

             A consciência nasceu da necessidade de comunicação, sendo então de importância secundária, supérflua , comunicar se torna comum, e isso só é possível através da linguagem, a linguagem nasce dos símbolos, e no desenvolvimento na linguagem, o tornar-se comum , a necessidade premente de se comunicar com outro, com a tribo, com os “seres humanos”,é que traz o problema da consciência, entende-se aqui não só a linguagem da fala, mas toda forma de comunicar, de se expressar seu “pensamento” seu “saber” , a consciência tem seu sentido, então, no coletivo, no conjunto de “pessoas”, no rebanho como diz  Giacóia.

Dos símbolos, sempre relacionados ao simbolizado, senão seriam apenas um sinais, a consciência se fortalece, cria vida e músculos para seguir seu fluxo e seu poder, os simbolizados tiveram todos eles origens no homem, logo, eles “existem” são forças vivas na consciência assim como os mitos ( que não cabe reflexão no momento), dito , fica a pergunta, profunda, profícua. Será que podemos deixa-la  a ver navios? Mario Ferreira dos Santos, vincula os símbolos ao nosso inconsciente, o Si Mesmo, através desse símbolos, nos fala o inconsciente ao consciente, o verdadeiro comandante, o criador e destruidor.



“Com símbolos expressamos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque com ele transmitimos o intransmissível, como procede o nosso inconsciente, que, por não sabermos, nem querermos ouvi-lo,segreda-nos seus ímpetos, seus desejos e seus temores, através de símbolos. E usa-os para burlar a nossa censura,as inibições que impomos,e o que temeríamos sequer desejar.” (SANTOS,2007)
           
Assim Nietzsche , nos remete a zoologia e a  fisiologia, porque fica claro que podemos viver sem a consciência  de si, e isso só se torna possível quando percebermos que essa consciência pode ser prescindida, colocada de lado.

O problema do ter-consciência, é precisamente aquilo que se constitui como problema. Ou seja, por que é que nós tomamos consciência de nós mesmos, em que medida isto é importante, tanto mais quanto nós podemos perfeitamente bem passar sem isso. Então, a fisiologia e a zoologia aqui, na verdade, simplesmente comprovam aquilo que Leibniz já tinha dito. Ou seja, que a consciência não é o essencial do sujeito, da subjetividade; mas a consciência é, na verdade, uma ínfima porção da subjetividade. Você pode ter vida, tanto animal quanto humana, sem que necessariamente o fenômeno da consciência-de-si tenha que se apresentar.(GIACÓIA,2002)


            A consciência  e a linguagem teem função instrumental, mesmo que levada à individualidade, logo aqui não pode existir o lugar da verdade, sempre levando em consideração a linguagem através dos símbolos, dos signos, se por algum argumento, ou conceito, essa verdade aparecer será mera ilusão, será apenas o Eu e não o Si mesmo, se manifestando, se impondo na consciência através de seus artifícios, que muitas vezes serão de tal maneira poderosos e também bastante convincentes, mas será sempre a ilusão de uma verdade. O primado e desenvolvimento da consciência, como razão, só aconteceu, porque foram úteis à humanidade, (utilidade, necessidade)  mas, se provou por ela mesmo, ser perigosa, e criadora de desastres para própria humanidade, o idealismo ocidental ( será q existe o oriental?) levou à realizações e caminhos de  tragédias, não se provando competente para resolver os problemas que ele mesmo se propôs solucionar, (mais uma vez ,não cabe aqui desenvolver esse pensamento, mas apenas deixar clara a idéia.) para alguns a humanidade ainda não colocou totalmente em “pratica”  Descartes e Comte, mas até quando? (mais uma pergunta?)

Para Nietzsche, a consciência faz prisioneiro o "ser" desde Sócrates, o primeiro, pai da criança, no universal, na totalidade, não  revela nada a não ser a ilusão, é no individual, no particular, no uno , NO CORPO, que se estabelece o contato, o real, isso é, a verdade ( se é que ela existe) é UNA, de cada ser.  

A prisão da consciência, a moral, a razão, a ditadura da gramática, a lógica , são barreiras criadas através dos séculos que cabe aos novos filósofos destruir, pensando novos conceitos, não aproveitando NADA do velho, é realmente a única batalha livre e válida para nosso futuro.  



Referencias:


 NIETZSCHE, F W. Assim Falava Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém; Tradução Mario Ferreira dos Santos. 3ª edição. Petrópolis, RJ.Vozes, 2009.

GIACOIA ,O. O  inconsciente no  século XXI - http://poars1982.wordpress.com/2008/06/03/o-inconsciente-no-seculo-xxi-oswaldo-giacoia/ ultimo acesso 10/09/2001

_________ 5 aulas sobre Nietzsche. IFCH/UNICAMP, 2002.

SANTOS, M F. Tratado de Simbólica.São Paulo; Érealizações, 2007




[1] Licenciando em Filosofia da UMESP

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