POR QUE RELER MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS HOJE?

Em tempos de Google, Internet, globalização e outros meios de doutrinações e domínios, não é difícil a pesquisa de qualquer assunto sobre o que se queira saber. Em poucos minutos a informação é jogada na cara de quem a procura, porém a quantidade nunca foi e nem será qualidade (lembremos-nos das categorias de Aristóteles), por isso a seleção e a pesquisa deve ser aprofundada (ou não) para se extrair algum saber concreto.
Mas porque toda essa ladainha? Só para justificar (como se fosse necessário) este trabalho feito sobre o FILÓSOFO brasileiro que é muito caro a esse blog.
Nesse trabalho o Prof. Carlos Aurélio Mota de Souza traça um perfil do nosso MARIO FERREIRA DOS SANTOS, que pode levar nossos amigos a desenvolver interesse pela obra de Mario e esperamos que isso aconteça, pois já passou a hora de um levante em prol do pensamento brasileiro.








Carlos Aurélio Mota de Souza

1. INTRODUÇÃO


Autor de uma Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais, com mais de 35 títulos, dezenas de traduções diretas do grego, do latim, do alemão e o francês, de obras do Platão, Aristóteles, Pitágoras, Nietzche, Kant, Pascal, Santo Tomás, Duns Scott, Amiel, Walt Whitman, incursionando sobre todos os temas da filosofia clássica, escolástica, tomista, moderna e contemporânea, ainda dissertou sobre oratória e retórica, lógica e dialética, além de escrever ensaios e romances, muitos sob pseudônimos diversos.
Estudando e lecionando silenciosamente por mais de 30 anos, desenvolveu um método particular de pesquisa, a decadialética, e criou uma filosofia própria, que denominou de Filosofia Positiva e Concreta, e que divulgou largamente em sucessivas edições de suas obras, através de editoras que constituiu e dirigiu pessoalmente, a Livraria e Editora Logos e a Editora Matese.


2. QUEM FOI ESTE FILÓSOFO ?

Em autobiografia publicada-postumamente em Rumos da Filosofia Atual no Brasil (1) , conta que nasceu a 3 de janeiro de 1907, em Tietê, São Paulo, mas foi educado em Pelotas , Rio Grande do Sul, estudando direito em Porto Alegre, onde se formou em 1930.

Escrevia em jornais de Pelotas e no “Diário de Notícias” e “Correio do Povo”, daquela capital, e como jornalista participou da revolução de 30, mas por seu caráter Independente e liberal, conheceu a prisão pelas criticas ao novo regime.

Durante a Segunda Guerra analisou em dezenas de artigos os episódios da conflagração, posteriormente reunidos nos livros Páginas Várias, Certas Sutilezas Humanas, A Luta dos Contráriose Assim Deus falou aos Homens.

Nessa época já traduzira Nietzche (Vontade de Potência, Além do Bem e do Mal, Aurora, e Assim falava Zaratrusta) (2); Pascal (Os Pensamentos e Cartas Provinciais) (3); Amiel (Diário Íntimo) (4); e Balzac (5).
Sentindo restrito aquele círculo cultural, transferiu-se para São Paulo, em 1944, a fim de publicar seus estudos.

Sob o pseudônimo de Dan Andersen, editou primeiro ensaio filosófico, Se a Esfinge falasse, (6), e ainda traduziu as notáveis obras Saudação ao Mundo, de Walt Whitman, Adolphe de Benjamin Constant; Herrmann e Dorotea, de Goethe e Histórias de Natal (7).


3. O QUE ELE DISSE DE SI MESMO

Que filósofo “sui generis” foi este que tinha uma vida intelectual livre e independente, que fugia da vida política e das rodas literárias, e viveu exclusivamente de sua advocacia, do magistério particular e como empresário editorial? “Nunca ocupei, escreveu ele, nenhum cargo em nenhuma escola, por princípio.

Deliberei, desde os primeiros anos, tomar uma atitude que consiste em nunca disputar cargos que podem ser ocupados por outros. Sempre decidi criar o meu próprio cargo, a minha própria posição e situação, sem ter de ocupar o lugar que possa caber a outro... Eis porque não disputo, nunca disputei nem disputarei qualquer posição possa que ser ocupada por quem quer que seja.” (8)

Com seu trabalho demonstrou ser possível escrever filosofia para o grande público, principalmente o brasileiro, enfrentando o preconceito sobre obras que não fossem estrangeiras, contra o que sempre se bateu, procurando afirmar nossa independência e capacidade para desenvolvimento de uma inteligência filosófica nacional. (9)

Entendeu que “somos um povo apto para uma Filosofia de caráter ecumênico, uma Filosofia que corresponda ao verdadeiro sentido com que foi criada desde o início”, a posição pitagórica, de ser “amante da sabedoria (sophia), da suprema Sabedoria, que cointuimos com a própria Divindade. Este afã de alcançá-la, os esforços para atingi-la, os caminhos que percorremos para obter essa suprema instrução (daí chamá-la de ‘Mathesis Megiste’ , que é a suprema instrução), todo esse afanar é propriamente a Filosofia”. (10)

Essa foi sua grande luta, como disse: “não podemos permanecer na situação de ser um povo que recebe todas as idéias vindas de todas as partes, que não possa encontrar um caminho para si mesmo; temos de criar este caminho... Sem esta visão positiva e concreta da Filosofia não será possível dar solução aos inúmeros problemas vitais brasileiros da atualidade, porque a heterogeneidade de idéias e posições facilita a de soluções, das quais muitas não são adequadas às necessidades do Brasil.” (11)


4. QUE É A SUA FILOSOFIA CONCRETA ?

Concebia o mundo segundo uma filosofia que pretende não separar o homem das realidades que ele abstrai (pela “via abstractiva” do filosofar) , mas devolvê-lo à realidade que o cerca e à qual se integra (pela “via concretiva”).

Em sua Filosofia Concreta procurou desenvolver uma metamatematização da filosofia, dentro de um critério pitagórico, dissertando 258 teses com rigorosas demonstrações, tal como exigido para a geometria.
Fundamentou essa filosofia em juízos apodíticos, universalmente válidos para todas as ciências, e não em juízos assertóricos, válidos particularmente apenas para alguns.

a. “Alguma coisa há”

Partindo dessa proposição, desenvolveu suas teses defendendo e demonstrando afirmações positivas de todas as filosofias, e refutando erros de outras, sem lhes destruir o positivo.

Respondendo, por exemplo, a pergunta heideggeriana: “Por que antes o ser do que o nada?”, ensina: O porque não procede pois se em vez do ser fosse o nada, não haveria por que, pois o nada não teria uma razão de ser em si mesmo. Há o ser e este não tem porque. Caberia a colocação de um por que, de um para que, de um qual a razão, de qual o motivo, se houvesse um antes do ser que pudesse ser interrogado.

Mas o ser infinito é eterno, e não cabe perguntar por um antes, porque
não há um antes. A pergunta é descabida de positividade; é uma pseudo-pergunta.”

E arremata: “Repetimos: ela tem o seu fundamento apenas na acosmia, no desejo de não ser isto que esta aí, na decepção ante o desenvolvimento histórico que gera o esquema de tender para o não ser. Eis o que leva alguns a exclamar perguntando por que não antes o nada do que o ser?” (12)

b. “A Filosofia só é válida quando concreta”

Explica melhor o grande pensador sua filosofia como aquela “dialeticamente construída, sem esquecer o que une, o que está incluso, o que exige para ser, o que implica, o que, enfim, se correlaciona, se entrosa e se análoga”. “Costuma-se considerar como pensamento concreto, esclarece, aquele que não esquece de meditar com as representações e os conteúdos fácticos, que são dados pela intuição sensível. A Filosofia

Concreta tem assim a sua justificação. E ademais parte de uma consideração importante. Não há rupturas no ser; conseqüentemente tudo está integrado no Todo, que o é pela dependência absoluta que o cinge ao Ser infinito e absoluto. A análise jamais deve esquecer este ponto importante, e eis por que o verdadeiro dever do filosofo concreto é jamais desdenhar (ao contrário, obstinar-se em procurar) o nexo de concreção, o que une, o que liga, o que conexiona.” (13)

c. A procura do método mais hábil

Em outra tese o mestre filósofo demonstra que “... como a verdadeira e absoluta ciência de todo o ser já está contido no próprio ser, há de haver, indubitavelmente, um caminho mais hábil para ser alcançado pelo homem que outros. Se uns são mais hábeis que outros, há de haver um que será o mais hábil.”

Revela que “em todos os tempos se considerou que o ponto de partida deve ser um ponto arquimédico, apodítico, de validez universal. Propusemos um que é de validez universal (“alguma coisa há”), sobre o qual não pode pairar nenhuma dúvida séria, pois ultrapassa até a esquemática humana. Conseqüentemente, a análise dessa proposição apodítica revela-se como um caminho hábil. E como não conhecemos outro melhor, propomo-lo como o mais hábil até prova em contrário”.

d. Filosofar é ação

Nessa original obra, que é uma síntese do seu pensamento, Mário Ferreira dos Santos em sua última tese encerra toda a grandiosidade de seu pensar, e revela os mais altos anseios espirituais do filósofo: “A
Filosofia é ação; é o afanar-se para alcançar a ‘Mathesis suprema’. Se essa é ou não alcançável pelo homem, este, como um viandante (homo viator), deve buscá-la sempre, até quando lhe paire a dúvida, de certo modo bem fundada, de que ela não lhe está totalmente ao alcance. Esse afanar-se acompanhará sempre o homem, e estabelecido um ponto sólido de esteio, devemos esperar por melhores frutos”. (15)


5. COMO ENTENDIA A SOCIOLOGIA E A ÉTICA

Para o filósofo patrício, a sociologia e uma ciência ética, pois não apenas descreve as relações humanas mas também o dever-ser dessas relações, e, por isso, a questão social é tratada eticamente em sua obra Sociologia Fundamental e Ética Fundamental.

Distinguindo a Moral como o estudo dos costumes, do variante e das relações humanas, e a Ética como revelação filosófica das normas invariantes, eternas, que informam o dever-ser do homem, aponta a confusão provocada por “todo abstractismo moderno, que visualiza o mundo ou do ângulo físico-químico ou do biológico, como procedem materialistas mecaniscistas e os biologistas, ou então do ângulo psicológico como psicologistas, ou do ângulo ecológico como ecologistas, ou do ângulo historico-social como historicistas, ou do ângulo econômico como materialistas históricos, etc., todos eles descuraram do seu verdadeiro sentido, pois confundiram a Ética com a Moral, emprestando àquela as características variantes que esta última apresenta”. (16)


6. MÁRIO E O ATEÍSMO

a. Cuidados com a juventude

Verdadeiro mestre, sempre revelou uma preocupação especial em relação aos jovens, ora advertindo-os, ora exortando-os , ora os conclamando para tomadas de posições enérgicas sobretudo contra os negativismo oferecidos por filosofias hodiernas.

Via a juventude brasileira como o mais grave de nossos problemas, por formarem os jovens a quase totalidade do país; e lançando verdadeiro programa educacional, dizia: “devemos erguer as massas populares até a Filosofia, através de um desenvolvimento da cultura nacional, que tenda à Filosofia Positiva e não a Filosofia negativista e niilista que penetra em nossas escolas. (17)
Por isso, enfatizou, “devemos orientar a juventude para ser construtiva. que receba uma sabedoria clara. positiva, concreta, de modo a imunizá-la contra as tendências niilistas”. (18)

b. Alerta contra o ceticismo

Sempre verberou os velhos erros do passado, ressuscitados como a última palavra do saber, em que o ceticismo é a má erva, as más idéias que estão invadindo o campo cultural moderno, ameaçando não corromper apenas uma cidade ou um povo, mas toda a humanidade.

Em suas aulas, sobretudo, podia se sentir toda a grandeza espiritual do educador que era; em uma delas, dissertando sobre este tema, concluiu, apolíneo: “Eu conclamo a juventude de hoje que não se torne aquela juventude que perseguiu sempre os grandes homens, aquela juventude que perseguiu Sócrates, aquela juventude que perseguiu os pitagóricos, aquela juventude que levou à condenação, à morte a Anaxágoras, mas sim aquela juventude que apoiou Platão, que apoiou Aristóteles no Liceu, que apoiou Pitágoras no seu Instituto, aquela juventude estudiosa, aquela juventude que dedica o melhor de sua vida para formar o seu conhecimento, aquela juventude que quer ser capaz de assumir as rédeas do amanhã, e não a juventude que quer apenas ser uma massa de manobras de políticos demagógicos e mal-intencionados, uma juventude de agitação, mas sim uma juventude construtora, uma juventude realizadora, uma juventude que lance para a história da humanidade os maiores nomes e os maiores vultos...” (19)

c. A crise moderna

Aprofundando esse assunto, Mário Ferreira dos Santos apontou para a perplexidade do homem moderno em todos os campos da existência, na história, na economia, na religião, na estética, na filosofia, e sobretudo a do especialista, que denomina “crise analítica”, indicando a necessidade da concreção, superando velhas ideologias, que geraram as violências que hoje assistimos.

Falando em tom apostolar, candente e convocativo, exclama: “Como não haver ‘crisis’ se cada vez nos separamos mais?”, “não separamos em vez de unir?”, “que fazem nossos ‘especialistas’, senão separarem-se, abstrairem-se na ‘espécie’ no que aprofunda a ‘crisis’?” E adverte: “nossa inteligência, em vez de unir, incluir, ela separa, desune, exclui. Seccionamos, sectarizamos, e queremos totalizar o todo, homogeneizando-o ao heterogêneo que separamos. Eis aí a ‘crisis’ agravada por nós.(20).

Por tais intuições, denunciou também em seus livros Origem dos Grandes Erros Filosóficos e Erros na Filosofia da Natureza, as velhas teorias sempre refutadas e que ressurgem como novidades, multiplicando-se, gerando atitudes e firmando posições que levaram o homem a profundos conflitos.
Ali admoesta “os bem intencionados para que não sejam vitimas de tais erros, para que possam compreender porque a perplexidade avassala o homem moderno, entendendo, então, por que tais erros se repetem e conquistam adeptos. É mister fazer essa obra de denúncia, porque não é mais possível deixar que tantos males se repitam e se multipliquem”. (21)

d. O problema do mal no mundo

Nenhum assunto escapou à lúcida e penetrante análise filosófica do grande escritor, inclusive o problema de Deus e do mal.

Estudando o teísmo e o deísmo, a possibilidade gnoseológica de conhecermos a Deus, através das inúmeras provas já apresentadas, e outras correntes, chega a discutir qual a causa do mal no mundo, em seu livro O Homem perante o Infinito. <

Aí ele afirma: “O mal só pode ter uma causa: o bem. Uma causa por necessidade, tem que ser e ter o ser; e ter o ser é bem; conseqüentemente, é o bem, mas um bem distintivo do bem do sujeito, no qual imediatamente se encontra tal privação. Mas a causa do mal não pode ser ‘eficiente’ e sim ‘deficiente’, pois o mal, em si, não é ser, nem efeito, mas defeito, falta de ser. Logo, Deus, que é indefectível, não é diretamente causa do mal, nem eficiente, nem deficiente.”(22)

Continua analisando que “também não é causa do mal moral e de nenhum modo, nem direta nem indiretamente, porque a liberdade dada ao homem permite-lhe não pecar e, se peca, o faz por sua vontade.

O mal físico pode ordenar-se e querer-se por um bem maior, e assim o quer e o permite Deus. Mas um mal moral não admite nenhuma compensação que o justifique; por isso, conclui Tomás de Aquino que Deus não pode querê-lo de modo algum. Deus tira maiores bens dos males; por isso, os tolera. O defeituoso provém do defectível; ora, Deus não é defeituoso; logo, a causa do mal vem das causas deficientes, que são as causas segundas de onde procede o mal”. (25)
Em profunda crítica discute que “o conceito de mal corno positividade ôntica e ontológica levaria ao nada, pois o mal seria a negação total do ser; portanto, neste
sentido, o mal não tem positividade. Um mal absoluto seria destruição do ser e, portanto do próprio mal. O bem supremo é um valor supremo, e não deve ser confundido com o valor ônticamente fundado. Deus, como bem supremo, é o Bem, e a Felicidade Suprema. Como ser subsistente e coordenador de tudo quanto há, é o bem de tudo quanto há.” (24)

Enfeixando todas essas afirmações termina positivamente admitindo que “a própria análise do bem e do mal leva nos a construir mais um argumento em favor da existência de Deus. O mal não é um argumento contra Deus, mas um argumento a seu favor. ‘É preciso que haja Deus, porque há o mal’”. (25)


7. O QUE DIZER DESTE PENSADOR, HOJE

Mário Ferreira dos Santos faleceu a 11 de Outubro de 1968, após longa enfermidade cardíaca. Quase uma década e meia se passaram; e as centenas de obras que publicou, em milhões de exemplares, certamente não se perderam.

Há de estar latente, a todos que com ele privaram, como nós em seus círculos particulares de estudo, ou nas concorridas sessões culturaIs do Centro de Oratória “Rui Barbosa” (CORB), de São Paulo, ou mesmo em trabalhos para a Editora Logos (26), a vivacidade, a lhaneza no trato, a atenção pessoal que dedicava aos problemas que lhe eram lançados.

Multiplicavam-se os cursos e palestras, a que nunca recusava quando abordava com profundidade todos os assuntos propostos, demonstrando cultura humanística invulgar, assentando suas afirmações em filósofos de todas as épocas, e autores de todas as culturas.
Sua afanosa procura da Unidade em todos os campos do saber, dirigindo o pensamento, em conseqüência, para a Sabedoria Suprema, para o Deus unificador, é sabedoria atualíssima, que merece ser estudada e continuada.

Foi um pensador completo, que procurou nada rejeitar em seus estudos e pesquisas, mas apenas refutar o que não fosse positivo, e não levasse o Homem a conhecer-se em totalidade.

Por isso, e nesse sentido, foi um gnoseólogo humanizante, de pensamento total, que nada exclui do homem ou em desvalorização deste.

Homem teórico no pensamento, foi extremamente prático em suas ações, desde a forma popular e simples de apresentar os grandes problemas da Filosofia (27), como no assumir empresas para divulgar pessoalmente suas obras, sem depender de barganhas publicitárias, críticas de encomenda, ou apelos de vendagem (28).

Daí a tremenda penetração de suas obras com dezenas de reedições, demonstrando ser escritor acessível ao entendimento do homem de sua época, conseguindo seu intento de quebrar preconceitos de que filósofos nacionais não seriam bem recebidos.
A extrema fecundidade de trabalho de Mário Ferreira dos Santos legou-nos uma obra filosófica, e como tal não desapareceu dentre os estudiosos.


8. CONCLUSÕES

Se de um lado não deixou discípulos organizados em escola, a Filosofia Positiva e Concreta de Mário Ferreira dos Santos é uma Escola Filosófica adequada ao homem dos nossos dias, para entendimento e solução dos problemas que afligem o mundo.

Restam, ainda, dezenas de obras inéditas (29), que o público atual mereceria conhecer, não só para memória desse extraordinário pensador brasileiro, mas também para o coroamento de sua extensa obra, produzida em momentos de sua maior e melhor intuição filosófica.
Relegada progressivamente a planos inferiores na cultura nacional, urge resgatar a Filosofia Humanizante, centrada na realidade do Ser Supremo.

E este filósofo buscou incessantemente a integração, abordando o ecumenismo, a busca da Unidade, procurando “um método capaz de reunir as positividades de diversas posições filosóficas”, “método incidente e não excludente, que concilie positividades” (30), combatendo ao mesmo tempo as filosofias niilistas, negativistas e pessimistas, que alienam, desesperam e dividem o. homem e o mundo, sem lhes dar a devida concreção, e a certeza do Bem Supremo.

Bem por isso concluiu sua autobiografia apontando para a reconciliação da Filosofia com a religião cristã, como Filosofia Superior capaz de unir os homens e faze-los se compreenderem, pois para ele Cristo representa tudo quanto há de mais elevado, é o homem enquanto Vontade, Entendimento e Amor, correspondente à concepção católica das Três Pessoas da Trindade (31).


9. BIBLIOGRAFIA CITADA

1. SANTOS, Mário Ferreira dos. Meu Filosofar Positivo e Concreto. In. Rumos da Filosofia Atual no Brasil. Organizado por LADUSANS, Pe Stanislaus, S.J., São Paulo, Loyola, 1976, lº Vol., pp.407-427.
2. Vontade de Potência, Ed. Globo, 1945; Além do Bem e do Mal, Ed. Sagitário, 1946; Aurora, Edit. Sagitário, 1947; Assim Falava Zaratrustra, Edit. Logos, 1954.
3. Edit. Flama, 1945.
4. Edit. Globo.
5. “A Fisiologia do Casamento”.
6. Edit. Sagitário, 1946.
7. Edit. Flama, 1945.
8. Rumos, p.410.
9. Idem, p.409; Filosofia Concreta, S.P, Logos, 1957, pp.11-12.
10. Idem, p.415.
11. Idem, p.416.
12. Filosofia Concreta, Tese 251, p.277.
13. Idem, Tese 253, p.281.
14. Idem, Tese 257, p.283.
15. Idem, Tese 258, p.284.
16. São Paulo, Edir. Logos, 1957, 1ª ed., p.12.
17. Rumos, p.416.
18. Idem, p.417.
19. Aula gravada em Agosto de 1965, inédita; dos arquivos do Conpefil
20. Filosofia da Crise. São Paulo, Logos, 1956, p.14.
21. Edit. Matese, 1965, p.16.
22. Edit. Logos, 1963, 5ª ed., p. 245.
23. Idem, p.246.
24. Idem, p.249.
25. Idem, p.250.
26. SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. Antologia de Famosos Discursos Brasileiros., 1ª serie, 1ª ed, 1957.
27. Filosofia e Cosmovisão; Convite à Filosofia; Convite à Psicologia Prática; Convite à Arte, etc.
28. Rumos, p.410.
29. A Sabedoria das Leis; A Sabedoria da Dialética Concreta; A Sabedoria dos Esquemas (Tratado de Esquematologia); A Sabedoria das Tensões (Teoria Geral das Tensões); Cristianismo, religião do Homem, Psicologia; Brasil: um país sem esperança? Brasil: um país de exceção. Além das traduções de As Enêadas de Plotino, Páginas Sublimes de São Boaventura; De Primo Princípio de Duns Scott; As Três Críticas de Kant; Interpretação do Apocalipse de São João; Poemas de Lao-Tsé do Tau Te King; Versos Áureos de Pitágoras, e Opúsculos Famosos de São Tomás de Aquino; algumas destas obras restaram inacabadas.
30. Teoria do Conhecimento. São Paulo, Logos, p.11.
31. Rumos, p. 427.
Publicado na Revista Verbo, Madrid, Editora Speiro, nº 295-296, p. 785-794, mayo-junio, 1991

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Do pálido criminoso

Das cátedras da virtude

Prof. Clóvis e o Materialismo Histórico