Poesia não se escreve, se acha...



Não queremos racionalizar, mas sentir nos mínimos movimentos de nossos sentidos todo vigor e beleza da natureza que nos cerca e nos provoca. 
É isso que encontramos na poesia desse velho mestre que nos legou tanta beleza e simplicidade.






O fazedor de amanhecer

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.

MANOEL DE BARROS - 1916 - 2014

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