Bandeira Paulista
NOSSA BANDEIRA
Bandeira da
minha terra,
Bandeira das treze
listas:
São treze lanças de
guerra
Cercando o chão dos
paulistas!
Prece alternada,
responso
Entre a cor branca
e a cor preta:
Velas de Martim
Afonso,
Sotaina do Padre
Anchieta!
Bandeira de
Bandeirantes,
Branca e rota de
tal sorte,
Que entre os
rasgões tremulantes,
Mostrou as sombras
da morte.
Riscos negros
sobre a prata:
São como o rastro
sombrio,
Que na água deixara
a chata
Das Monções subido
o rio.
Página
branca-pautada
Por Deus numa hora
suprema,
Para que, um dia,
uma espada
Sobre ela
escrevesse um poema:
Poema do nosso
orgulho
(Eu vibro quando me
lembro)
Que vai de nove de
julho
A vinte e oito de
setembro!
Mapa da pátria
guerreira
Traçado pela
vitória:
Cada lista é uma
trincheira;
Cada trincheira é
uma glória!
Tiras retas,
firmes: quando
O inimigo surge à
frente,
São barras de aço
guardando
Nossa terra e nossa
gente.
São os dois
rápidos brilhos
Do trem de ferro
que passa:
Faixa negra dos
seus trilhos
Faixa branca da
fumaça.
Fuligem das
oficinas;
Cal que das cidades
empoa;
Fumo negro das
usinas
Estirado na garoa!
Linhas que
avançam; há nelas,
Correndo num mesmo
fito,
O impulso das
paralelas
Que procuram o
infinito.
Desfile de
operários;
É o cafezal
alinhado;
São filas de
voluntários;
São sulcos do nosso
arado!
Bandeira que é o
nosso espelho!
Bandeira que é a
nossa pista!
Que traz, no topo
vermelho,
O Coração do
Paulista!
À SANTIFICADA
Voltas ao
reduto.
Com sete tarjas de
luto,
Seis faixas brancas
da paz,
E teu penacho
vermelho,
e São Paulo dobra o
Joelho,
Ao beijo que tu lhe
dás.
Vens…
Tu fostes a
condenada.
A réproba
incinerada,
Que de um ímpio
auto-fé,
Deixa na história
em resumo,
Negro carvão,
branco fumo,
Vermelho flama
de fé.
Retemperou-te a
fogueira,
Vens como vinha a
bandeira,
Da fornalha de
sertão,
Santificou-te o
suplício,
Repetiu-se o
sacríficio,
De Joana D’Arc e
Ruão.
Voltas a nós
vigilante,
Mãe, esposa, irmã,
amante,
Noiva, filha,
volta, pois,
É preciso que
proves.
Que existiu um nove
de julho de trinta
e dois.
E há uma velha
faculdade,
Ensinando a
mocidade,
Com ela foi que
aprendeu.
E houve um brasão
mameluco,
Que disse “Non
Ducor, Duco!”
E um São Paulo que
disse “EU!”
E houve uma
noite de heroísmo,
Que marcou o teu
batismo,
De glória: É por
isso que
Tens quatro letras
gravadas
Nas quatro estrelas
douradas
Do topo: M.M.D.C.
Já a garoa,
nosso incenso,
Beija o teu pano
suspenso,
Ao teu mastro, que
é uma cruz,
Vês? É um altar em
cada casa,
Sobre a qual
estende a asa,
Rajada de sombra e
de luz.
Fala! É preciso
que fales
De tudo, de Fernão
Sales,
De Cunha, Funel e
Buri,
De Etentério
[?] da Pedreira,
Do soldado da
trincheira
Que só falavam de
ti.
Lembra a mulher
da cantina,
Do hospital e da
Oficina,
Beleza do nosso
bem!
E as crianças num
sorriso,
Jurando: “Se for
preciso
nós partiremos
também.”
Recorda a
campanha do ouro
Acumulando um
tesouro,
Que nunca se
esgotará!
Depois a prisão, o
exílio,
A saudade, o nobre
auxílio,
Da mão distante que
dá.
E agora…agora de
novo
Abençoado este
povo.
Que tanto soube
esperar
Esperança dos
Paulistas,
Bandeira das treze
listras
Desfraldada em cada
lar.
Reza a oração
que dizia:
– Preto e branco,
noite e dia,
Pois dia e noite
estarei
Como um apóstolo,
soldado,
Gente Paulista a
teu lado,
Pela lei e pela
Grei.
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