Thanos
e Malthuss – homens e deuses
O sumo
bem platônico, justificativa para execução de um plano onde o pano de fundo é a
sobrevivência de uma parcela do universo ( o equilíbrio ), ou multiverso, visto
que o grande vilão quer executar sua ideologia onde existe vida ou o que
entendemos por isso. A partir dessa perspectiva, do bem maior, que Thanos, o
vilão vai forçar a união de todos os seres “bons”, sejam eles humanos, inumanos
(essa palavra sempre me pareceu estranha), ou híbridos – o herói Visão tem DNA
humano, Banner/Hulk e Tony Stark/Iron man , cibernético e o poder ( mente ) que lhe dá o uma das jóias do
infinito, , são seis, Poder, Tempo, Mente, Espaço, Realidade e Alma – dessa união forçada pela ameaça da
completa extinção dos mundos, podemos afirmar que 2 éticas se apresentam
claramente, a dos heróis e a do vilão.
Thanos
nos traz á lembrança o pensamento malthusiano, aquela do final do século XVIII,
do controle populacional do planeta, no caso de nosso vilão o controle
populacional de todos os mundos conhecido. Thanos, que pela aparência, e atos,
parece não ter sentimentos de amor ou ódio, ledo engano, pois é o sacrifício de
amor que o coloca na linha de tiro de que esse afeto habita todos os mundos e
seres, homens e deuses e heróis e híbridos e
sei lá mais o que podemos nominar, ou aceitar que a linguagem não dá
conta de nenhum absoluto, venha ela de onde vier. O vilão afirma
categoricamente “todos pensam assim, só eu tenho coragem de fazer” , essa é a
ética de Thanos, que nos referimos como o sumo bem platônico, para que o
equilíbrio se constitua o destruição da exata metade deve sucumbir para que a
outra exata metade possa viver confortavelmente. Não é esse o discurso de toda
ideologia totalitária?
A
ética dos heróis, cujo adágio é “ nunca
desprezamos Uma Vida” é a antítese ( Hegel não me larga nunca), é platônica/malthusiana, ao dar valor a cada
vida independente de onde ela esteja, em mundos, universo, cosmo, eles ,os
heróis, se proclamam guardiões incondicionais de um outro “bem”, a justiça e a
virtude. Ao fazer uma escolha, ( podemos debater sobre liberdade e livre
arbítrio) um dos heróis sela o destino
dos mundos e assim sucumbe. Vence a ética do vilão? Ou o vilão por tudo
sacrificar, inclusive o amor, eleva-se também à categoria de herói? Afinal ele
salvou a exata metade, quando poderia destruir tudo.
Buda,
o Shidartha, procurou o equilíbrio, o dele pelo menos, e nem por isso
reivindicou a destruição, mas a iluminação, e nosso vilão, ou herói, mesmo
sendo um deus, se tornou um quando adquiriu todos os poderes para tal ( 6 joias
do infinito), executou seu plano, sua ética do equilíbrio, sonho malthusiano,
pela destruição. Reflitamos, estamos , nós os humanos da pós-verdade , mais
próximo de Buda ou de Thanos?
Deus está morto
Nietszche
ao anunciar a morte de Deus, em Gaia Ciência, e afirmar, no prólogo de
Zaratustra, estava “profetizando” a morte dos absolutos, das verdades eternas
do mundo supra-sensível platônico/cristão. Está implícito em ser Deus a
imortalidade, nas mais diversas culturas religião ou mitologia, o deus quando
“cumpre sua tarefa” é derrotado, doa sua imortalidade ou é exilado , na
mitologia grega os deuses são enviados ao Tártaro, o buraco infinito, Pan Gu ,
da cosmogonia chinesa, depois de criar o
cosmo e dar-lhe sustentação, doa seu espírito e a humanidade é criada.
Voltando
à saga de Thanos com os heróis de todos os mundos, os deuses morrem, pelo menos um os que são considerados , não
está sublimado uma imortalidade, logo o vilão/herói, ou podemos chamá-lo também
de anti-heroi?, subverte a definição de Deus e com isso mata também as metade
dos deuses, pois também no espaço do sagrado a superpopulação deve ser levado
em conta.
A
Guerra
Então
A guerra do Infinito, além de proporcionar momentos de completa hipnose ( o
transe ) saímos da racionalidade e vestimos nossa “persona” de adolescente ou
criança, não julgamos no primeiro olhar, lembrem-se estamos em transe
hipnótico, mas quando acaba o transe, baixa a racionalidade do sujeito
cartesiano-kantiano-iluminista nos vemos no julgamento. O vilão é herói? Os
heróis cumprem sua tarefa ética ou sucumbem á ela? O equilíbrio deve ser
justificado de alguma forma?
As
perguntas ficam, e as guerras também, pois se existe uma verdade é que a
humanidade, pelo menos a que conhecemos, não se distancia jamais da sua pulsão
de morte, destruição para o freudismo, pelo menos a morte do outro.
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